
Com roteiro de Chris Terrio e direção de Ben Affleck (que
também atua) a história dos seis diplomatas estadunidenses que fugiram durante
a invasão da embaixada americana por revolucionários iranianos vai tomando
forma. O filme se inicia com uma montagem de desenhos relatando o contexto
histórico da época (fim dos anos 70) que consiste na luta contra o Xá Reza
Pahlev, que tinha sido colocado no poder pelos EUA (sim, colocado), e se
utilizava de um regime autoritário para explorar o petróleo e manda-lo para o
ocidente garantindo, dessa forma, que fosse possível bancar todos os luxos que ele próprio se dava direito: como almoços em Paris e banhos de mel para sua
esposa. Porém esses benefícios causados pela exploração petrolífera só
alcançava uma pequena parcela da população, e abriu espaço para que o Aiatolá
Khomeini pudesse se posicionar contra o regime e iniciar uma verdadeira
revolução (a qual assistiu confortavelmente de Paris, na França). Outro fator
determinante para que esse conflito estourasse foi a divergência religiosa,
pois, apesar de ambos serem muçulmanos, o Xá era Sunita e Khomeini e a maior
parte da população eram Xiitas (correntes opostas de uma mesma crença o que
gera conflitos que trazem ainda mais problemas para o Oriente Médio).
O longa-metragem se utiliza de uma passagem muito
importante da revolução: a invasão da embaixada americana pelos revolucionários
iranianos. Durante essa emboscada seis diplomatas que estavam no prédio
conseguem fugir, indo pedir asilo à embaixada canadense, que concede. Logo eles
conseguem fazer contato com os EUA, os agentes da CIA entram em ação para tirar
os seis de lá sendo o principal responsável por essa emboscada Tony Mendez,
(Ben Affleck) que tem a brilhante ideia de se utilizar da indústria cinematográfica
(mais precisamente do tipo de filme sucesso de bilheteria que são as ficções
científicas) para resgatar seus compatriotas. Para tanto ele conta com a ajuda
do maquiador John Chambers (John Goodman) e do diretor Lester Siegel (Alan
Arkin) que forjam um filme que, teoricamente, se passaria no cenário exótico do
Oriente Médio (mais precisamente: do Irã) com direito a tudo que uma produção
de Hollywood tem: roteiro, atores, cartaz, imprensa... E adivinhe o nome do tal
filme? Argo.
A principal ideia era trazer os diplomatas disfarçados de
equipe técnica do filme. E desde que o agente levanta voo até o fim a história
cada situação tem um timing de tenção fornecido pelo ângulo do qual são
filmados os eventos: de dentro. Apesar de ser um filme histórico, não seria
erro classifica-lo como uma aventura, pois entrar em um país que é inimigo do
seu e sair com mais seis pessoas de uma ditadura extremamente controladora e
ainda por cima enganar a imprensa mundial para que não houvesse falhas, na
maior tranquilidade requer um sangue frio tremendo! Assisti duas vezes ao
filme, e nas duas sentia meu coração se comprimir no peito ao pensar que eles
poderiam não conseguir...
Outro detalhe que chama muita atenção é o estilo de
câmera usado no filme. O efeito desfocado que ela confere à imagem deixa a
imersão no universo do longa ainda mais profunda. Você se sente ali, ao lado
dos diplomatas, lutando pela própria vida. O que me lembra de ressaltar o
excelente trabalho da equipe de caracterização, pois ao final do filme aparece
uma foto do ator ao lado do rela diplomata que passou pela situação e a
semelhança é impressionante!
Enfim, o filme é impressionante. Uma história envolvente
que vem se destacar dos já manjados roteiros de aventura. Creio que posso
traduzir como o filme é bom apenas citando o fato de que ganhou a estatueta de
melhor filme no Oscar 2013 concorrendo com produções maravilhosas como “As
aventuras de Pi”; “Os Miseráveis”; “Lincol” e “ Django Livre”. Essa premiação
reforça a minha ideia inicial de que filmes históricos deveriam ser levados
mais em conta ao escolher o programa do fim de semana. Nunca ouviu dizer que a
arte imita a vida?
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