
O Nordeste brasileiro sempre foi propenso a grandes secas, ocasionadas pelo clima da região, porém a devastação de áreas verdes vem piorando ainda mais essa situação. Longos períodos sem chuva secam o leito dos rios e o solo, tornando a terra infrutífera, como um deserto.
Mas o verdadeiro problema vem da terra e atinge o homem. Nessa região a economia, baseada na agricultura, é severamente afetada pela dura seca. Sem ter o que plantar e sem ter o que comer famílias inteiras saem de suas casas para tentar a sorte nas cidades litorâneas ou (e especialmente) no Sudeste. Isso foi muito presente no período em que o Brasil começava a se industrializar e agora volta como fuga da pior seca dos últimos cinquenta anos.
Enquanto a seca e a fome matam e desalojam no Nordeste, o Sudeste vive em uma ascendência que parece não ter fim. A região continua a receber indústrias, investimento monetário, pessoas, projeção internacional, e cresce... Agora para o alto, já que o espaço lateral se mostrou insuficiente. Daqui a algum tempo nem o céu será limite.
O responsável por esse abismo social cavado entre estas duas partes do Brasil é um puro caso de falta de bom senso na distribuição de investimento pelo governo, que prefere olhar para a bela selva de prédios que, apesar de também abrigar a ralé humana, traz muito mais lucros; a abrir a mão para quem torra a fronte no Sol escaldante da caatinga e trava uma guerra animalesca contra a natureza. Prefere colocar dinheiro em um projeto certo de uma multinacional a apostar no incerto e transformar o deserto em terra de plantio, mesmo sabendo que essa é uma possibilidade já aplicada em outros países (como Israel).
Essa preferência traz a desigualdade social: que torna a mulher do empresário a baronesa do café e a do agricultor a mucamba mal vestida. Será que estamos avançando na economia para regredir na sociedade? Até quando seremos espelho do passado? A única saída agora é uma ponte que ligue os dois lados do abismo, porém só os corajosos ousam sair do conforto para encarar a outra realidade. Isso traz uma incômoda questão: esse ser corajoso é você?
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