quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Orgulho e Preconceito

Aparentemente meu 2014 começou com força total: muitas felicidades para pouco tempo, e uma delas foi ter começado o ano justamente com esse livro. Lembro vagamente de uma aula de inglês na qual comentamos sobre o filme baseado na obra de Jane Austen: nada muito profundo, mas mesmo assim fiquei extremamente curiosa acerca do conteúdo do livro. Agora vejo que meu único equívoco foi não te-lo lido antes.
Parte do acervo pessoal que adquiri em meu ultimo aniversário (pois é, ainda não li todos os livros) fiquei extasiada ao abrir o embrulho e encontrá-lo, pois, como já disse anteriormente, estou em busca de clássicos, e este com certeza se encaixa em tal categoria.
A história da família Bennet, em especial da segunda filha mais velha Elizabeth, exemplifica de forma perfeita o período controverso em que se encontrava a sociedade britânica na época. Enquanto a classe dominante ainda se valia de títulos para continuar no topo da pirâmide, cada vez mais a voz do dinheiro se fazia ouvir trazendo para a burguesia a possibilidade de contar com todos os luxos da nobreza, exceto o título. Tal benefício poderia ser adquirido, por homens, mediante nascimento, compra ou nomeação. Porém para as mulheres era um tanto mais complicado: a condecoração só poderia ser recebida mediante casamento, assim as meninas que não nasciam nobres eram educadas única e exclusivamente com o objetivo de ter um bom matrimônio. Assim, quando o senhor Bingley chega à Netherfield, próximo a Longbourn (local de origem de nossa heroína e sua família) a senhora Bennet fica em polvorosa com a possibilidade de casar uma de suas filhas, em especial a mais velha Jane, com alguém de alta renda e com excelente perspectiva de ascensão. Mas algo que nem ela poderia prever era que outro aristocrata chegaria à região. E assim o senhor Darcy entra na vida de Elizabeth Bennet, trazendo, à princípio, um ódio mortal por seu orgulho e preconceito para com ela e sua família, mas, como as primeiras impressões nem sempre são as que ficam, com uma sucessão de fatos a história vai se desenrolando trazendo a tona pensamentos que nem mesmo a racional Eliza saberia explicar.
Cada vez mais escuto a frase "mulheres são feministas quando lhes convém" e variações, mas sinto que esse feminismo vem perdendo pouco a pouco o significado. Tive o prazer de ser introduzida à senhorita Mary Wollstonecraft, autora de Reivindicação dos Direitos da Mulher, principal percursora do feminismo, que pregava mais liberdade e igualdade para as mulheres, tratadas, no período, como objetos de uma masculinidade predatória que as reduzias apenas a papéis de esposa, mãe e objeto de prazer sexual, durante a introdução dessa edição de Orgulho e Preconceito. Também fui apresentada, no mesmo contexto, à senhorita Hannah More, defensora do tradicionalismo no qual as mulheres deviam guardar-se para o sentimentalismo e trabalhos mais delicados. E principalmente, fui devidamente apresentada à Jane Austen: escritora que de forma genial mesclou essas duas formas de pensamento em duas irmãs. À meu ver Jane é a personificação dos ideias de More, enquanto Elizabeth personifica as ideias de Wollstonecraft, e o mais impressionante nessa interpretação é que as duas irmãs se dão super bem. Dessa forma concluo que o feminismo à que nossa sociedade se refere precisa ser revisto, pois para mim uma mulher pode sim exercer sua igualdade sem abrir mão da delicadeza de seus sentimentos, e não é apenas porque achamos que um cavalheiro deve pagar o primeiro encontro que deixamos de ser feministas, isso é simplesmente educação.
Logo esse livro é recomendável (acho que pela primeira vez vou dizer isso) aos homens, para que entendam como essa história de feminismo funciona. E, claro para as mulheres, para que se divirtam com um romance que ao mesmo tempo as faça pensar sobre o verdadeiro papel que elas exercem na sociedade: antigamente e hoje em dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário