
Parte do acervo pessoal que adquiri em meu ultimo aniversário (pois é,
ainda não li todos os livros) fiquei extasiada ao abrir o embrulho e
encontrá-lo, pois, como já disse anteriormente, estou em busca
de clássicos, e este com certeza se encaixa em tal categoria.
A história da família
Bennet, em especial da segunda filha mais velha Elizabeth, exemplifica de forma
perfeita o período controverso em que se encontrava a
sociedade britânica na época. Enquanto a classe dominante
ainda se valia de títulos para continuar no topo da pirâmide,
cada vez mais a voz do dinheiro se fazia ouvir trazendo para a burguesia a
possibilidade de contar com todos os luxos da nobreza, exceto o título.
Tal benefício poderia ser adquirido, por homens,
mediante nascimento, compra ou nomeação. Porém para as mulheres era um tanto mais
complicado: a condecoração só poderia ser recebida mediante casamento, assim as meninas que não nasciam nobres eram educadas única e exclusivamente com o objetivo
de ter um bom matrimônio. Assim, quando o senhor Bingley chega à
Netherfield, próximo a Longbourn (local de origem de
nossa heroína e sua família) a senhora Bennet fica em
polvorosa com a possibilidade de casar uma de suas filhas, em especial a mais
velha Jane, com alguém de alta renda e com excelente
perspectiva de ascensão. Mas algo que nem ela poderia prever
era que outro aristocrata chegaria à região. E assim o senhor Darcy entra na
vida de Elizabeth Bennet, trazendo, à princípio, um ódio mortal por seu orgulho e
preconceito para com ela e sua família, mas, como as primeiras impressões nem
sempre são as que ficam, com uma sucessão de fatos a história
vai se desenrolando trazendo a tona pensamentos que nem mesmo a racional Eliza
saberia explicar.
Cada vez mais escuto a frase
"mulheres são feministas quando lhes convém"
e variações, mas sinto que esse feminismo vem perdendo pouco a pouco
o significado. Tive o prazer de ser introduzida à senhorita Mary Wollstonecraft, autora
de Reivindicação dos Direitos da Mulher, principal
percursora do feminismo, que pregava mais liberdade e igualdade para as
mulheres, tratadas, no período, como objetos de uma masculinidade
predatória que as reduzias apenas a papéis de
esposa, mãe e objeto de prazer sexual, durante a introdução
dessa edição de Orgulho e Preconceito. Também fui
apresentada, no mesmo contexto, à senhorita Hannah More, defensora do
tradicionalismo no qual as mulheres deviam guardar-se para o sentimentalismo e
trabalhos mais delicados. E principalmente, fui devidamente apresentada à
Jane Austen: escritora que de forma genial mesclou essas duas formas de
pensamento em duas irmãs. À meu ver Jane é a
personificação dos ideias de More, enquanto Elizabeth personifica as
ideias de Wollstonecraft, e o mais impressionante nessa interpretação
é que as duas irmãs se dão super bem. Dessa forma concluo que o
feminismo à que nossa sociedade se refere precisa ser revisto, pois
para mim uma mulher pode sim exercer sua igualdade sem abrir mão
da delicadeza de seus sentimentos, e não é apenas porque achamos que um
cavalheiro deve pagar o primeiro encontro que deixamos de ser feministas, isso é
simplesmente educação.
Logo esse livro é
recomendável (acho que pela primeira vez vou dizer isso) aos homens,
para que entendam como essa história de feminismo funciona. E, claro
para as mulheres, para que se divirtam com um romance que ao mesmo tempo as faça
pensar sobre o verdadeiro papel que elas exercem na sociedade: antigamente e
hoje em dia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário