sábado, 19 de julho de 2014

Os Lusíadas

"Terra a vista!" Este deve ter sido o brado que saudou a chegada dos portugueses em solo brasileiro por volta de 1500. Após tantos meses no mar, os lusitanos pisavam em uma nova terra, totalmente desconhecida para eles, "descobrindo" o que hoje é o nosso país. Naquele tempo, a paisagem era bem diferente da que temos atualmente: árvores frondosas, campos verdejantes, rios de águas límpidas, animais livres pela relva e seres humanos andando nus pelos caminhos trilhados em meio à mata. Esses homens, tão diferentes dos portugueses que se escondiam atrás de longas barbas e vestimentas extravagantes, foram chamados índios e sofreram influência tanto cultural quanto imposição de um regime escravista, nos quais eles ajudaram os brancos a destruir sua própria casa.
Séculos depois, ainda estamos aqui, nesse vasto país chamado Brasil, mas muita coisa mudou. Hoje, nossas florestas são de concreto e os seres humanos vivem vestidos com roupas que expressem sua personalidade, ocupação ou estrato social. Houve uma intensa miscigenação, na qual ninguém ficou impune: português com índio, negro com amarelo, italiano com espanhol... Diversas combinações estampadas na pele de quem anda pelas ruas, e também na cultura das diversas regiões. Apesar de ter abrigado tantos povos e culturas, a predominância ainda coube aos portugueses. Foram eles que estabeleceram a economia agrária de exportação como forma de economia, construíram belos edifícios e trouxeram os negros para serem escravizados nas lavouras de café e cana de açúcar. Por terem nos mantido colônia por um tempo demasiadamente grande, foram, de certa forma, responsáveis por sermos uma nação subdesenvolvida, mas mesmo assim, trouxe diversos elementos culturais que são muito bem-vindos.
Um desses aspectos é o poema épico de Luis Vaz de Camões, no qual são narradas as aventuras dos portugueses em alto mar durante sua busca por um caminho para chegar às Índias. Os Lusíadas é uma narrativa épica que atravessou gerações e gerações, mas continua encantando, tanto por seu caráter clássico, quanto pela beleza com que trata as Grandes navegações. Apesar de estar escrito em uma linguagem distante da atual, algumas edições direcionadas para leitores iniciantes nesse estilo texto contam com uma introdução que fornece dados sobre o contexto da obra e sua estrutura, bem como notas de rodapé que explicam alguns termos e passagens.
Particularmente, sou apaixonada por este livro. Já o li em diversas situações, com diversas idades e em versões diferentes (apesar de ainda não ter tudo contato com a obra original) e considero-o uma verdadeira aula de história. Claro que muito pouco se pode tirar para fatos concretos, porém a beleza lírica da poesia de Camões faz com que o período das Grandes Navegações se torne mais interessante, e te faz querer saber mais.

No meu caso, tenho uma ligação ainda maior com a obra pelo fato de ser descendente direta de portugueses. Meu avô veio ao Brasil, como muitos outros imigrantes, em busca de melhores condições de vida. Mas independente de onde é sua família, recomendo a leitura desse livro e depois, quem sabe, uma visita à memória de algum parente mais antigo para conhecer melhor suas origens. 

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