sexta-feira, 11 de julho de 2014

O Guarani

Quem nunca sonhou com um príncipe (ou princesa) encantado que atire a primeira pedra. Qual a pessoa que nunca se pegou fantasiando sobre um alguém especial, com jeito de herói, que se importe, cuide e ame. Nós, seres humanos, temos a necessidade um do outro e isso, ao meu ver, é algo extremamente belo, porque mostra a fragilidade que muitas vezes ocultamos sob a máscara do individualismo.
Mas esse super herói criado por nossa mente varia de pessoa para pessoa, baseado na necessidade de cada um. Tem gente que procura um belo par de olhos azuis aliado a uma personalidade dócil e amável, há aqueles que preferem cabelos cacheados e temperamento explosivo ou então gordo e engraçado. Para José de Alencar, o herói tinha a força e a tez escura dos índios brasileiros.
Há muitos anos, escondido em meio a vegetação, se ergueu uma fortaleza comandada por D. Antônio de Mariz, na qual moravam sua mulher, D. Lauriana; seu filho, D. Diogo Mariz; sua filha, D. Cecília; sua sobrinha (que na verdade era uma filha fruto de um relacionamento fora do casamento), D. Isabel. Próximo a residência, o fidalgo construirá algumas instalações com o intuito de abrigar aventureiros que se embrenhassem por aquelas bandas, como Sr. Álvaro e Loredano, homens que logo se tornaram da confiança de Dr. Antônio e passaram a realizar alguns serviços para ele em troca de hospedagem. Além de todos estes, em um casebre de barro construído as margens da propriedade, vivia Peri, um forte índio que presta serviço ao fidalgo português como forma de pagar um favor. O selvagem nutria pela filha de D. Antônio, Cecília (apelidada docemente por ele de Ceci), um amor incondicional que ultrapassava as barreiras do físico: qualquer coisa que a garota desejasse, sonhasse ou precisasse, o forte rapaz não media esforços para realizar. Essa cega paixão era tamanha que beirava a servidão.
Porém, a moça se encontrava enamorada por Álvaro. Um hábil cavaleiro que se apaixonara por ela e recebera aprovação do próprio D. Antônio para desposá-la. Porém um obstáculo se erguia contra a felicidade do casal: não era Peri, que só desejava o bem de sua senhora, sem realmente almejá-la para si, e sim Isabel. A bela morena amava Álvaro com todas as fibras de seu ser, e sofria ao ver tamanho amor trocado pelos olhos glaucos de Cecília. E, em meio a tamanho quarteto amoroso, surge Loredano: um homem ambicioso que deseja possuir ricos tesouros, e vê em Cecília uma pureza tão imaculada que mal consegue disfarçar sua ambição em possuí-la, formulando, para atingir todos seus objetivos, um plano miraculoso.
Um belo texto escrito, originalmente, para jornal que procura valorizar o índio como resposta aos romances estrangeiros. Buscando mostrar um pouco da realidade brasileira, o autor constrói um cenário repleto de aventuras e romance, capaz de agradar a todos os públicos. Porém, ao ter o livro em mãos, deve-se lembrar que ele foi escrito em um tempo que não era imediatista como o nosso, logo, todas as cenas são meticulosamente descritas e analisadas, tornando a obra prima um tanto cansativa. Mas, se aceita um conselho, não desista! Tanta ladainha vale a pena, acredite!

E, já que estou entrando nesse mérito de conselhos, vou aproveitar e dar mais um. Nas próximas semanas estaremos vendo se desenrolar, em nosso pais, a Copa do Mundo. Apesar do movimento contra, das passeatas e greves, sim, vai ter Copa. Então se vista de verde e amarelo e torça pela nossa seleção! Mas não se limite ao patriotismo somente nesse período: extrapole! O Brasil não é apenas o pais do futebol e, se você quer tanto mostrar isso, comece valorizando os outros aspectos da nossa cultura como música e dança, e não fique sentado no sofá reclamando que "esse pais não vai para frente". Me apropriando da frase da Gandhi, peço que, além de ler O Guarani, claro, reflita: "seja a mudança que você quer ver no mundo!"   

Nenhum comentário:

Postar um comentário