
Mas esse super herói criado por nossa mente varia de pessoa para pessoa,
baseado na necessidade de cada um. Tem gente que procura um belo par de olhos
azuis aliado a uma personalidade dócil e amável,
há aqueles que preferem cabelos cacheados
e temperamento explosivo ou então
gordo e engraçado.
Para José de Alencar, o herói tinha a força e a tez escura
dos índios brasileiros.
Há muitos anos,
escondido em meio a vegetação,
se ergueu uma fortaleza comandada por D. Antônio de Mariz, na qual moravam sua mulher, D. Lauriana; seu
filho, D. Diogo Mariz; sua filha, D. Cecília; sua sobrinha (que na verdade era uma filha fruto de um
relacionamento fora do casamento), D. Isabel. Próximo a residência, o fidalgo construirá algumas
instalações com o intuito de
abrigar aventureiros que se embrenhassem por aquelas bandas, como Sr. Álvaro e Loredano,
homens que logo se tornaram da confiança de Dr. Antônio e passaram a realizar alguns serviços para ele em
troca de hospedagem. Além
de todos estes, em um casebre de barro construído as margens da propriedade, vivia Peri, um forte índio que presta
serviço ao fidalgo
português como forma de
pagar um favor. O selvagem nutria pela filha de D. Antônio, Cecília (apelidada
docemente por ele de Ceci), um amor incondicional que ultrapassava as barreiras
do físico: qualquer
coisa que a garota desejasse, sonhasse ou precisasse, o forte rapaz não media esforços para realizar.
Essa cega paixão
era tamanha que beirava a servidão.
Porém,
a moça se encontrava
enamorada por Álvaro.
Um hábil cavaleiro que
se apaixonara por ela e recebera aprovação do próprio D. Antônio para desposá-la. Porém um obstáculo se erguia
contra a felicidade do casal: não
era Peri, que só desejava o bem de
sua senhora, sem realmente almejá-la para si, e sim Isabel. A bela morena amava
Álvaro com todas as
fibras de seu ser, e sofria ao ver tamanho amor trocado pelos olhos glaucos de
Cecília. E, em meio a
tamanho quarteto amoroso, surge Loredano: um homem ambicioso que deseja possuir
ricos tesouros, e vê em Cecília uma pureza tão imaculada que mal
consegue disfarçar
sua ambição em possuí-la, formulando,
para atingir todos seus objetivos, um plano miraculoso.
Um belo texto escrito, originalmente, para jornal que
procura valorizar o índio
como resposta aos romances estrangeiros. Buscando mostrar um pouco da realidade
brasileira, o autor constrói
um cenário repleto de
aventuras e romance, capaz de agradar a todos os públicos. Porém, ao ter o livro
em mãos, deve-se lembrar
que ele foi escrito em um tempo que não era imediatista como o nosso, logo, todas as cenas são meticulosamente
descritas e analisadas, tornando a obra prima um tanto cansativa. Mas, se
aceita um conselho, não
desista! Tanta ladainha vale a pena, acredite!
E, já que estou entrando
nesse mérito de conselhos,
vou aproveitar e dar mais um. Nas próximas semanas estaremos vendo se desenrolar, em nosso pais,
a Copa do Mundo. Apesar do movimento contra, das passeatas e greves, sim, vai
ter Copa. Então
se vista de verde e amarelo e torça pela nossa seleção! Mas não
se limite ao patriotismo somente nesse período: extrapole! O Brasil não é apenas o pais do
futebol e, se você quer tanto mostrar
isso, comece valorizando os outros aspectos da nossa cultura como música e dança, e não fique sentado no
sofá reclamando que "esse pais não vai para
frente". Me apropriando da frase da Gandhi, peço que, além de ler O Guarani,
claro, reflita: "seja a mudança que você quer ver no
mundo!"
Nenhum comentário:
Postar um comentário