sexta-feira, 11 de julho de 2014

Agosto 1914

Que tal uma aula de história? Agosto de 1914 pode parecer uma data um tanto sem sentido hoje, porém marcou o início de um dos episódios mais trágicos da história da humanidade: a Primeira Guerra Mundial.
No início do século XX as nações européias tiveram uma série de problemas, principalmente relacionados a partilha da África e da Ásia: enquanto França e Inglaterra possuíam carta branca para explorar grandes territórios, Alemanha e Itália tinham ficado de fora da partilha. Além de tudo havia ainda a disputa entre Alemanha e França pela  Alsácia-Lorena (uma região rica em minério que ficava na fronteira entre os dois territórios), o Pan-germanismo: um movimento nacionalista que visava reunir sob a bandeira de apenas uma nação todos os povos de origem germânica, dentre outros. Porém o real estopim foi o assassinato do príncipe do império austro-húngaro, em visita à Sérvia. Insatisfeita com as medidas tomadas pelo pais para punir o autor do assassinato e o Império declarou guerra. Entretanto o que era para ser apenas mais um conflito entre nações ganhou proporções gigantes, pois os países europeus passaram a se aliar a um lado ou ao outro formando a Tríplice Aliança (Itália, Império Austro-húngaro e Alemanha) e a Tríplice Entente (França, Rússia e Reino Unido). E assim se passaram três anos: os homens lutavam nas trincheiras, as mulheres assumiam as fábricas e novas tecnologias bélicas surgiam a todo o momento.
O fator determinante para o fim da Guerra foi a entrada dos EUA para a Tríplice Entente, o que forçou a Aliança assinar um tratado (Tratado de Versalhes) que impunha restrições. A mais prejudicada foi a Alemanha que teve seu exército e indústria bélica reduzidos, perdeu alguns territórios, e pagou uma enorme indenização aos vencedores. A guerra gerou grandes prejuízos econômicos e sociais: milhões de pessoas morreram, e maior ainda foi o número de feridos; campos agrícolas foram arrasados e indústrias destruídas. Mas mesmo assim, vinte cinco anos depois, estourou a Segunda Guerra.
Bom, agora que já está situado historicamente falando, podemos entrar no mérito do livro. Como já foi dito anteriormente, a Rússia entrou na Guerra. Mas o que muita gente não sabe é que ela não se encontrava em condições de partir em auxílio a outra nação: sua população passava fome, os soldados eram inexperientes, não havia nem mesmo uniforme para as tropas, quanto mais alimentos e água! Isso sem contar a falta de organização e comunicação entre as diversas frentes... Os que lutavam não sabiam o que os levava para as trincheiras, e os generais pensavam mais na evolução de sua patente que na pátria russa. E para piorar diversas correntes ideológicas lutavam por atenção e tentavam chegar ao poder. E assim Soljenitsin surge, em um período que a Rússia já se tornou a União Soviética, para denunciar toda essa situação. Claro que sofre com a censura e seu livro não é publicado no pais, porém ele chega à países estrangeiros, levando essa nova visão da Rússia que não era passada para o mundo exterior.
Um livro extremamente cansativo, com uma linguagem muito chata. Vou ser sincera, perdi as contas de quantas vezes comecei e parei de ler por algum motivo, sendo somente em um momento de isolação do mundo em um hotel fazenda que consegui realmente me concentrar em suas páginas. O problema é que não há uma história corrida: são contos de guerra que acompanham, ao mesmo tempo, a evolução russa na guerra e a história de algumas personalidades. Mas, de qualquer forma, é uma verdadeira aula de história.

Uma das cenas que mais me marcou foi um capitulo destinado à descrever um ataque a trincheiras: o desespero dos soldados que nada viam, apenas sentiam a terra tremer pelo ataque de mísseis e metralhadoras, e rezavam para sobreviverem apenas mais um dia. Aquilo me deixou verdadeiramente desesperada: isso não pode ser chamado de vida! Como alguém submete outro ser humano a uma situação que não deve ser desejada para nenhum ser vivo, quanto mais para um semelhante! A Guerra, a violência, nunca será resposta para os problemas que nos cercam, sendo apenas uma confirmação que, na verdade, o ser humano não faz jus à sua denominação de "ser civilizado, dotado de inteligência superior". 

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