domingo, 27 de julho de 2014

O Maravilhoso Mágico de Oz

As férias chegaram e tudo o que todos querem é viajar. Fugir do lugar onde passa o ano inteiro, sair da rotina, ver uma nova paisagem ou então rever uma antiga. Essas ferias de julho foi exatamente o que fiz: duas semanas longe dos meus livros didáticos, computador, cama e escrivaninha para rever um hotel fazenda, conhecer uma cidade histórica e me isolar do mundo em um chalé no fim do mundo. E agora estou voltando para São Paulo com as energias renovadas e prontinhaa para um segundo semestre super agitado.
Para essa minha peregrinação, um dos meus livros acompanhantes foi o já batido Mágico de Oz. Uma história de criança que creio que todos conhecessem: Dorothy é uma garotinha que você com os tios e seu cachorrinho Totó no Kansas. Quando um ciclone atinge a casinha na qual ela vive, a menina voa para um lugar desconhecido (sempre acompanhada de seu fiel companheiro Totó)  e entra em uma jornada para encontrar o caminho de volta para seu lar. Para tamanha tarefa ela conta com a ajuda de seus novos amigos: Espantalho, Homem de Lata e Leão Covarde que a acompanham até o castelo do Mágico de Oz, o bruxo mais poderoso e único capaz de dar a ela a tão sonhada volta para casa (além de um cérebro para o Espantalho, um coração para o Homem de Lata e coragem para o Leão Covarde).
Apesar da história ser bem conhecida, seu autor, Lyman Frank Baum, não recebeu o mesmo reconhecimento de outros autores de historias infantis, como os irmãos Grinn. Ele queria um conto de fadas que fosse capaz de divertir sem que houvessem aflições e pesadelos e conseguiu, construindo um livro de mundo doce e leve no qual o Bem sempre vence o Mal.
Apesar de clichê, a história é sempre uma boa recomendação para crianças (de idade ou coração) que desejam repousar do acinzentado mundo real e retornar ao lar de sua própria imaginação, pois, como muito bem disse Dorothy, "não existe lugar como nosso lar". Essa "lição de moral" pode se aplicar também ao fim de nossas tão estimadas ferias... Com a volta para casa, rotina e escola devemos nos lembrar sempre que apesar de acharmos muito chato tudo isso,  ter uma casa, um porto seguro, onde você sabe que sempre será recebido é uma benção à qual devemos agradecer.

A Odisséia

A Grécia é uma civilização que ainda hoje desperta grande interesse tanto por seu grande legado para o Ocidente, quanto pela sua rica mitologia. Temos uma falsa impressão que essa civilização era um império organizado em torno de grandes cidades, unidos contra qualquer invasão, porém a realidade está bem distante disso. A Grécia Antiga não constituiu uma nação: onde quer que houvesse gregos, ali estava a Grécia; eles eram unidos por algo tão forte quanto a unidade territorial: uma cultura comum.
E foi nesse contexto que surgiu Homero: um porta cego que ia de cidade em cidade recitando suas composições que, muitos anos depois, foram escritas. Não se sabe se ele realmente existiu, porém seus supostos poemas Ilíada e Odisséia, até hoje usados como fonte histórica para entender melhor os helenos. Enquanto Ilíada trata da Guerra entre gregos e troianos para que um dos reis da Grécia reavesse sua mulher que havia fugido com um príncipe troiano e do grande herói Aquiles; a Odisséia trata do retorno de Odisseu, rei de Itaca e autor  da idéia do cavalo de madeira recheado de soldados que fez com que os gregos vencesse a guerra. Ambas as historias estão repletas de magia e entidades mitológicas que povoam não só a mente, mas também o dia a dia dos helenos.
Séculos depois, em uma sociedade que preza muito mais a ciência do que a mitologia, Ruth Rocha resolveu reviver essas historias de uma forma diferente e divertida. Narrando as desgraças que se abateram sobre Odisseu de forma leve e lúdica leva para o universo infantil toda a magia do mundo grego. Assim, ela uniu o útil ao agradável, pois ao mesmo tempo que aprendem muito sobre essa civilização tão interessante, as crianças se divertem com esse novo herói tão diferente dos que está acostumada a ver nos desenhos da Disney.
Uma verdadeira lição de persistência: Odisséia mostra que quando temos um objetivo, devemos lutar por ele até o fim, indo até o fim do mundo para realizar nossos sonhos. Creio que não é necessário uma medida tão drástica, mas o comodismo atual me incomoda. Hoje, as pessoas acham que se ficarem paradas olhando o céu, o que elas desejam vai simplesmente cair em seus colos. Entretanto não é bem assim que funciona! Devemos lutar e correr atrás do que queremos até para que demos o devido valor ao que conquistamos.

Recomendo esse livro para todas as crianças que sonham em ser atrizes, bailarinas, cantores, artistas, jornalistas e todas essas profissões que são ditas como "impossíveis". Também disseram a Odisseu que ele não conseguiria chegar em casa e, bem, só lendo para saber ;)

sábado, 19 de julho de 2014

Labirinto

Quem nunca se imaginou vivendo uma vida diferente da que leva no futuro ou no passado? Bom, no meu caso desde pequena sempre disse que tinha nascido na época errada. Mas ai que entra a questão... Também nunca me decidi qual seria minha época certa! As vezes gostaria de ser uma daquelas princesas medievais com os longos vestidos, ou então as belas egípcias inteligentes e sedutoras, ou ainda as guerreiras de espada e escudo em punho. Ou quem sabe uma dançarina dos tempos da brilhantina, uma nerd de serie americana, uma sobrevivente de um apocalipse.... São tantas possibilidades, tantas personalidades para escolher! Mas infelizmente não se escolhe e não se sabe. Segundo o espiritismo ao reencarnarmos devemos esquecer tudo o que se passou para poder começar de novo e nos redimir de nossas más ações.  Apesar de ser cristã, sempre acreditei que a vida não termina no horizonte. E também achava muito difícil inventar uma nova alma para cada corpo... Então por que não reciclar?
Em 1209 Alais acorda em mais uma manhã que deveria ser normal. Seu marido está ao seu lado, e ela faz sua fuga matinal até o rio fora dos muros da Cité em Carcassone, na França medieval, para pegar as ervas que usa para fazer remédios e sentir a liberdade da natureza. Porém, ao encontrar um homem morto, ela vê essa aparente tranqüilidade mudar totalmente: ao contar a notícia para seu pai, ele fica extremamente abalado, e corre a ver o corpo, ficando aliviado ao ver que não reconhece o rosto do morto. A partir de então um grande segredo se abre para a menina que se vê em uma corrida contra o tempo para salvar uma relíquia de tempos imemoriais. Desafiando traições, guerras e os cruzados, Alais faz de tudo para chegar ao seu objetivo e continuar a missão iniciada por seu pai.
Em 2005 Alice está em seu último dia de ajudante de escavações, trabalhando sozinha, já que seu parceiro de trabalho faltou, quando encontra a entrada para uma caverna que se assemelha a um templo no qual três esqueletos estão sepultados. Entretanto, a pseudô-arqueóloga se interessa apenas por um pequeno anel, no qual pode-se ver um pequeno labirinto gravado na parte de dentro, mas antes que possa examinar direito, tem um desmaio repentino. Ao acordar, Alice vê sua vida virada de cabeça para baixo ao entrar em uma perigosa aventura na qual seus antagonistas tem muito mais poder que ela. Mas uma ajudinha do passado promete trazer muitos esclarecimentos.
Explorando muito bem a lenda do Sagrado Graal, Kate Moss transita entre a França medieval e atual com muita classe e delicadeza. Para quem não conhece, o Santo Graal é uma expressão medieval para designar o cálice no qual bebeu Jesus na última ceia e no qual foi recolhido seu sangue após a crucificação. De acordo com a lenda quem bebesse do tal cálice teria vida eterna. Essa é apenas uma das versões, a mais recente na realidade, porque o Graal já é citado entre os Celtas, como um caldeirão que daria vivos aos que bebessem dele. Também é visto como uma esmeralda (talvez por isso a capa do livro seja verde... Quem sabe?) que teria caído na terra juntamente com Lúcifer, ou então um livro no qual estão escritas palavras secretas que Jesus ensinou a José de Arimateia a ler nas quais estão as verdades da fé.

AMEI o livro. Simplesmente AMEI. Terminei já querendo reler e em busca de uma continuação, apesar de a história realmente acabar. E descobri que esse é o primeiro livro de uma trilogia \o/  Então indico a todos sem exceção. Sinceramente? Fazia algum tempo que um livro não me implorava tanto quanto esse....

Os Lusíadas

"Terra a vista!" Este deve ter sido o brado que saudou a chegada dos portugueses em solo brasileiro por volta de 1500. Após tantos meses no mar, os lusitanos pisavam em uma nova terra, totalmente desconhecida para eles, "descobrindo" o que hoje é o nosso país. Naquele tempo, a paisagem era bem diferente da que temos atualmente: árvores frondosas, campos verdejantes, rios de águas límpidas, animais livres pela relva e seres humanos andando nus pelos caminhos trilhados em meio à mata. Esses homens, tão diferentes dos portugueses que se escondiam atrás de longas barbas e vestimentas extravagantes, foram chamados índios e sofreram influência tanto cultural quanto imposição de um regime escravista, nos quais eles ajudaram os brancos a destruir sua própria casa.
Séculos depois, ainda estamos aqui, nesse vasto país chamado Brasil, mas muita coisa mudou. Hoje, nossas florestas são de concreto e os seres humanos vivem vestidos com roupas que expressem sua personalidade, ocupação ou estrato social. Houve uma intensa miscigenação, na qual ninguém ficou impune: português com índio, negro com amarelo, italiano com espanhol... Diversas combinações estampadas na pele de quem anda pelas ruas, e também na cultura das diversas regiões. Apesar de ter abrigado tantos povos e culturas, a predominância ainda coube aos portugueses. Foram eles que estabeleceram a economia agrária de exportação como forma de economia, construíram belos edifícios e trouxeram os negros para serem escravizados nas lavouras de café e cana de açúcar. Por terem nos mantido colônia por um tempo demasiadamente grande, foram, de certa forma, responsáveis por sermos uma nação subdesenvolvida, mas mesmo assim, trouxe diversos elementos culturais que são muito bem-vindos.
Um desses aspectos é o poema épico de Luis Vaz de Camões, no qual são narradas as aventuras dos portugueses em alto mar durante sua busca por um caminho para chegar às Índias. Os Lusíadas é uma narrativa épica que atravessou gerações e gerações, mas continua encantando, tanto por seu caráter clássico, quanto pela beleza com que trata as Grandes navegações. Apesar de estar escrito em uma linguagem distante da atual, algumas edições direcionadas para leitores iniciantes nesse estilo texto contam com uma introdução que fornece dados sobre o contexto da obra e sua estrutura, bem como notas de rodapé que explicam alguns termos e passagens.
Particularmente, sou apaixonada por este livro. Já o li em diversas situações, com diversas idades e em versões diferentes (apesar de ainda não ter tudo contato com a obra original) e considero-o uma verdadeira aula de história. Claro que muito pouco se pode tirar para fatos concretos, porém a beleza lírica da poesia de Camões faz com que o período das Grandes Navegações se torne mais interessante, e te faz querer saber mais.

No meu caso, tenho uma ligação ainda maior com a obra pelo fato de ser descendente direta de portugueses. Meu avô veio ao Brasil, como muitos outros imigrantes, em busca de melhores condições de vida. Mas independente de onde é sua família, recomendo a leitura desse livro e depois, quem sabe, uma visita à memória de algum parente mais antigo para conhecer melhor suas origens.