domingo, 17 de agosto de 2014

Uma história de Natal

Quando era criança a maior felicidade quando dezembro se aproximava era andar pelas lojas de brinquedo escolhendo o que iria pedir para o papai Noel. Sempre adorei a sensação de sentar com uma caneta na mão e escrever um bela cartinha contando como tinha sido uma boa menina e merecia ganhar aquela linda boneca que falava e cantava. E o presente sempre vinha. Não sabia como, mas na noite de Natal ele estava lá, esperando por mim. Pode ser que você me chame de egoísta.... Mas e dai? Eu era apenas criança, não sabia das desgraças do mundo.
Não me recordo ao certo quando, mas de repente minhas cartas se tornaram algo um pouco diferente. De um ano para o outro passei de "quero aquela Polly nova" para "quero aquela Polly nova e que todo mundo seja muito feliz" ou então "quero aquela Polly nova e que todos ganhem presente nesse Natal". Na época, aquilo não pareceu fazer diferença, mas hoje vejo quão grande foi meu gesto ao deixar de lado uma parte individualista para pensar também no coletivo.
Scrooge também era individualista e egoísta: um homem velho que só se importava com contas e dinheiro, achando que caridade era fazer uma doação maior para aquela instituição de caridade. Ele não se importava com seus funcionários, vivia uma vida pacata seguindo uma rotina sem graça, e ao menos aproveitava o dinheiro que conseguia. Porém, uma noite, o fantasma de seu sócio resolve fazer uma visitinha para ele. A alma penada aparece arrastando os cadeados que a prendem à Terra: luxúria, egoísmo, gula, dor... Todo o mal que ele fez em vida materializado em correntes que o prendem a essa dimensão. E faz um aviso a Scrooge: aquela era sua ultima chance de se livrar daquele mesmo destino! Ele receberia a visita de três espíritos: passado, presente e futuro; e deveria se arrepender de seus erros e buscar mudar de vida para que pudesse realmente ser feliz.
A história então passa a girar em volta dos Natais da vida de nosso velho rabugento, que confronta tanto a felicidade da infância, quanto as surpresas do presente e também o medo do futuro.
A história bolada por Dickens traz uma lição valiosíssima: quanto estamos valorizando de nossa vida? Será que realmente usufruímos de tudo o que ela pode dar, ou nos prendemos a coisas tolas e sem importância? Quanto tempo será que nos resta? Muito? Pouco? Isso realmente importa?

Apesar de ser denominado "Uma história de Natal" a lição desse conto deve durar o ano inteiro, pois de nada adiantam os votos ajoelhados defronte o pinheiro de Natal e as promessas de "esse ano serei melhor" se nos outros 364 dias do ano você age como se nada realmente importasse. Veja bem, não é viver apenas para ter futuro! É viver cada dia como deve ser: olhando os detalhes com a inocência de uma criança que pede de presente de Natal a tão sonhada paz mundial.  

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