
O pânico foi geral. Todos buscavam, entre os alunos, o culpado de tamanha atrocidade. As suspeitas logo recaíram sobre os alunos de costumeiro mau-comportamento, mas logo ficou provado que um plano de tamanha proporção não fora planejado por tais mentes.
Passada uma semana o incidente fora esquecido, a entidade não voltara a incomodar e todas as teorias se mostraram infundadas. Porém essa calmaria foi momentaneamente e novamente um grito se fez audível, dessa vez do corredor: todos os armários tinham sido arrombados e dentro de cada um repousava um animal morto. O cheiro fétido empesteava o ar. Uma mensagem nos espelhos: "Esse é o futuro de vocês." Nova investigação, novos suspeitos, nenhuma prova.
E assim a cada semana uma surpresa aguardava aos alunos: mesas com frases ofensivas, lousas arranhadas, vitrais quebrados em forma de rostos sombrios, risadas macabras no lugar do sinal... Aos poucos os alunos começaram a desaparecer. Atordoados, os pais escutavam os relatos cheios de terror dos filhos. Pedidos de transferência começaram a chegar e alguns bravos alunos passaram a pernoitar na escola na vã esperança de descobrir o autor das "brincadeiras".
Até que, passados meses daquele primeiro grito os alunos vivenciaram algo que nunca apagariam de suas memórias: o ápice do terror. Tudo começou com cheiro de queimado até que todas as salas estivessem tomadas por fumaça e os alarmes dispararam. Enquanto os alunos corriam para fora da escola, labaredas começaram a ser visíveis pelas janelas e as sirenes de bombeiro tocavam ao fundo. Até que, de repente, folhas de papel choveram sobre os espectadores da tragédia com a explicação do ocorrido: "Olá, colegas do 9º ano! Lembram-se de mim? Ou já esqueceram do Daniel, o menino que entrou esse ano e logo no 2º bimestre foi expulso por agredir um professor. Pouco antes de chegar ao colégio meus pais morreram e tive graves transtornos psicológicos
e, ao invés do apoio prometido, só recebi recriminações. Agora volto para purificar este antro com as chamas de minha vingança."
E assim, ao fim do trabalho, os bombeiros retiraram da escola um corpo: Daniel Carvalho, carbonizado pelo fogo do próprio ódio.