domingo, 19 de janeiro de 2014

O que é ser uma BFF?

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É assim que começo, apesar de o começo não poder ter pontos. Mas é assim que começa uma amizade e depois uma melhor amizade. É assim que nascem as amigas e as melhores amigas.
Você não é uma BFF (Best Friend Forever), você sente uma BFF. E cada uma deve ser de um jeito que sinta correto e bom para as duas pessoas. Por exemplo: para mim, ser BFF é compreender e respeitar o sentimento da pessoa que está sempre ao seu lado, para brigar ou rir.
As pessoas não são iguais, e por isso as respostas para essa pergunta não são iguais, não existe um gabarito como as provas de colégio. A amizade não tem fórmulas, ter ou senti-la por alguém é ser você mesma e deixar a outra pessoa aceitar porque se não, bom, sinto dizer que ela não é sua amiga de verdade.
E tem mais um fato, as BFFs mudam. Claro que tem sempre a suprema, a best das bests, mas em cada lugar você tem uma. Se for contar tenho seis, ou mais. 
Por isso minha resposta é: ser BFF é confiar, cuidar conversar, entender, brigar, jogar, ariscar, sentir e acima de tudo amar. Pode ter todos os defeitos do mundo, mas se tiver amor tudo pode acontecer. Agora amizade não é feita de uma pessoa só, a outra tem que retribuir.
Ser BFF é compreender que cada um tem sua história e estrada e que não se deve interferir. Mas deve saber acolher a amiga que se desiludiu na caminhada sem se desviar da sua. Ser BFF é uma responsabilidade, pois você é um marco que a pessoa leva sempre.

Para mim isso é ser BFF...

Quem viu, quem vê


Come pequena
Dorme e come
Pequena faz casinha
Sai e voa devagar
Estica as asinhas
Era feia e se isolou
Quem te viu quem te vê
Um casulo formou
Bela borboleta ficou
Flor em flor que beleza
Sempre, sempre a voar
Quando para e descansa

Todos param para olhar

Sabiá de Diamante

Laurinha e Juquinha moravam com os pais em um condomínio perto de uma moderna cidade e de uma bela floresta. Os pais incentivaram ambos a ter amigos, ir a cidade se divertir, estudar e ir às trilhas para praticar esportes como andar escalar etc. Juquinha, o mais velho, fazia tudo, e tentava não cometer erros. Laurinha, só queria saber de balada, de suas amigas, de namorar, ir ao shopping e odiava estudar. Um dia um sábia, branco e brilhante como diamante, apareceu na janela de Laurinha, está que não gostava de nenhum ser vivo, começou a tacar pedras nela. Até que a sábia disse:
            -Não sinto dor. Preciso que você me siga para ver alguma coisa.
            Laurinha curiosa e perturbada caminhou lentamente e de repente sentiu cocegas. Tinha virado um pequeno pardal. O sábia conduziu Laurinha pela cidade em voo, e mostrou tudo o que o homem fazia coma natureza e suas consequências: enchentes, incêndios, desmatamento, etc. Depois a levou para a floresta e mostrou as belezas naturais: cachoeiras, animais, etc. Depois de um tempo, o sábia levou Laurinha até uma clareira e a transformou de volta, e disse:
            - Aprendeu Laurinha. A vida é muito importante.
            -Aprendi, e vou passar mais tempo com meu irmão. Ele sabe das coisas e vai me ajudar!
            - Certo! Adeus Laurinha, boa sorte.
            -Adeus!

            Laurinha realmente mudou, aprendeu tudo e passou a seguir o exemplo de seu irmão. E eles se tornaram os irmãos defensores da natureza.

Futuro incerto

O ser humano está muito acostumado a planejar o futuro, mesmo sendo impossível. Sabemos o que queremos e quando conseguir, mas sempre tem o elemento surpresa, que aparece de repente e muda tudo.
            No primeiro ato da peça Anuncio Feito a Maria, de Paul Claudel, muitas situações estão planejadas e quase todas são mudadas pelas escolhas de outros personagens. Expectativas e sonhos são apagados com o simples toque da palavra. Não é assim também conosco aqui fora?
            Anne Vercos conversa com sua mulher Elizabeth, que está realizando seus afazeres domésticos sem suspeitar como sua vida iria mudar. Ele está decidido a casar sua filha mais velha, Violaine, com Jacques, mas a mulher sabe da paixão de Mara por aquele homem e de Violaine por Pedro de Craon. Resolve então contar ao marido do desejo de sua filha mais nova de se casar com Jacques e aproveita para comentar da paixão entre a mais velha e o Construtor de Igrejas. Mas quando Anne conta que resolveu ir a Jerusalém e por isso quer o casamento da filha com um homem da sua confiança, e capaz de sustentar a terra enquanto estiver fora, muda os planos de todos que estão em volta. Assim começa a despedida, pois o nobre homem parte naquele dia mesmo para a perigosa Terra Santa. 
            Logo que o pai sai para reunir todos, entra Mara. Dizendo que, se Violaine se casar com Jacques, vai se matar, também que todos querem bem a sua irmã e que para ela só resta a amargura, insiste para que a mãe diga ao pai que se não for ela a noiva de Jacques se matará. Elizabeth, já preocupada com o marido, fica desesperada, pois espera que pelo menos suas filhas fiquem com ela. Diz que não acredita e que não dirá nada, o que Anne quiser será feito e não adianta discutir. Saem ambas.
            Anne vai buscar Jacques para comunicar sua partida, e qual a surpresa de Jacques, que sempre viveu de maneira simples e não tinha muita esperança de mudança, ao saber que herdou de seu pai de criação a terra, as riquezas e a filha mais velha (por quem está apaixonado). Anne dá adeus a todos enquanto parte o pão e deixa a casa na qual passou a vida toda para trás, mas se sente satisfeito, pois deixa tudo encaminhado, com seu herdeiro já pronto para o trabalho. Entre lágrimas o nobre homem deixa tudo para trás, se afastando na estrada com o propósito de ajudar a humanidade, para quando a morte chegar, ele ir ao Paraíso sem títulos, sem posses, só com o coração.


            Assim termina o primeiro ato, com uma dura despedida. Mas o que fazer se não só de alegrias se constrói vida? Agora o que irá acontecer? Mara cumprirá com sua promessa de morte, ou algo maior fará Violaine desistir do casamento? Essas são surpresas que não dá para prever, assim como o futuro que tantos tentam ler!

Frankenstein

            Clássico da literatura antiga? Discordo! Clássico contemporâneo, moderno! Escrito há tanto tempo em com temas que nunca serão obsoletos. O homem tem poder sobre a vida e a morte? Qual o limite entre a ciência e o divino? Até que ponto as pessoas estão dispostas e se sacrificar por um ideal?
Mary Shelley soube explorar essas questões propondo um jovem cientista com sede de saber e sua criatura, aparentemente maldita. Escrita entre 1816 e 1817, no período do ultrarromantismo, a obra remete a um sonho (ou imaginação) de Mary, durante uma viagem entre amigos e um concurso de histórias de terror. Foi nesse contexto que surgiu Frankenstein.
Uma obra que nos deixa a pensar no que é certo ou errado e até onde o homem pode ir com suas invenções. Diferente do que estamos acostumados a ouvir, Frankenstein não é o monstro, e sim seu criador.
O jovem Victor Frankenstein vai à faculdade e desenvolve um projeto impressionante: a criação de um ser semelhante! Porém, horrorizado com a própria obra, foge dela, deixando-a a mercê do mundo. A criatura é constantemente desprezada por sua imagem, e depois de observar uma família por algum tempo aprende a ler, falar e escrever e vai atrás de seu criador, fazendo apenas um pedido: uma fêmea tão horrenda quanto ele, prometendo que se não atendido destruirá a vida do seu criador até ele implorar pela morte.
Victor começa a realizar sua segunda criatura, mas se horroriza novamente, e ao parar condena sua própria família à morte! E assim vão morrendo seus entes queridos, desencadeando uma frenética busca pela destruição de sua criatura.
Um livro de leitura pesada, mas muito interessante! Leva-nos a ver que o homem não tem controle sobre a vida e a morte, sendo apenas ferramenta para um plano maior! Não é um livro para passatempo ou leitura rápida e sim para exercitar o pensamento e a paciência.

Gostei, mas não o recomendo a pessoas que não têm sensibilidade ou apreço pela consciência, porque é exatamente disso que o livra trata. Quanto a consciência do ser humano interfere nas ações de sua vida e quanto ela pesa nos momentos de sono e reflexão; qual o preço que pagamos por nossos atos; qual o peso de nossas reflexões. Convido você a também refletir sobre esses assuntos, lendo Frankenstein, de Mary Shelley.

Amor Proibido


É muito fácil deixar a imaginação voar e se esquecer da realidade. O difícil é deixar a imaginação voar a partir de um fato da realidade, como a visualização de um personagem em um texto sem figuras ou descrições, como o teatral.
            No prólogo do texto: O Anuncio Feito a Maria, de Paul Claudel aprecem duas personagens principais: Pedro de Craon e Violaine.
            Violaine é uma jovem de 18 primaveras, seu pai se chama Anne Vercos e sua mãe Elizabeth. Tem uma irmã chama da Mara Vercos, é noiva de Jacques (do qual recebeu um anel de ouro vegetal) e é apaixonada por Pedro de Craon.
            Nossa donzela mora na cidade de Monsanvierge. É cristã, muito bonita, bondosa, inteligente, gentil, educada, piedosa, delicada e cuidadosa. Quase foi morta por Pedro, mas o perdoou deixando-o livre deste pecado.
            Imagino-a como uma moça de cabelos longos e castanhos presos em coque, pela clara e olhos perspicazes do mesmo tom do cabelo, sorriso gentil, e sempre bem vestida. Aparenta-me como uma moça um pouco egoísta, mas sempre bem disposta. Crê que a vida é bela e ela feliz.
            Pedro de Craon é um pobre construtor de Igrejas, que contraiu Lepra e por isso procura o perdão. Roubou um beijo de Violaine e depois tentou mata-la, sem sucesso. Está se dedicando inteiramente a construção da igreja para Santa Justiça, uma pobre criança encontrada no local onde se ergueria tal obra.
            Aparenta-me como um rapaz de cabelos e olhos escuros e pele alva, trajando-se sempre de preto, como lhe pediu o bispo (para que todos soubessem que ele era leproso). É apaixonado por Violaine e leva consigo o anel de noivado dela para ajudar no financiamento da construção. Acha a vida bela, mas se vê como desgraçado.
            Os personagens vivem um amor proibido para a época e acabam seguindo em direções diferentes. Mas não sem antes dar um beijo de despedida, presenciado pela irmã de Violaine. Chocada pelo ocorrido Mara sobe as escadas e a cena se encerra.

            Essa história poderia se tornar um conto de fadas, onde a mocinha rica se apaixona pelo pobretão. Mas será que ela tem realmente um final feliz?

O mundo é admirável? O que nos torna plenamente humanos?

Nesse título se encontram algumas perguntas: O que é mundo? O que é admirável? O que é ser humano?
No meu pensamento o mundo é o lugar de onde viemos e onde vivemos. Mas o mundo não é o planeta Terra e sim o meio onde me encontro. Por exemplo, o mundo de um estudante é a escola, o de um professor a sala de aula e assim vai. Mas cada um pode estar envolto em vários mundos. O mundo de casa, o mundo dos amigos, o mundo da família. Mas todos têm alguns mundos em comum como o ar, o chão, a vida e resumimos tudo isso em duas palavras: Mundo Terra!
Para mim é admirável tudo aquilo que paro para pensar. Os seres humanos atribuíram a essa palavra o conceito de BOM, mas o admirável pode ser ruim. Existem admirações naturais como a vida e artificiais como a tecnologia. Enfim admirável é o ponto de vista de cada um. Aliás, admirável é o olhar e o pensar. Pois sem olhar não acharíamos algo admirável e sem pensar não constituiríamos esse conceito!
O ser humano é uma espécie, mas são ações. Para mim ninguém é ser humano matando, desrespeitando não contribuindo para o mundo, e essas coisas que dizemos ser de animais. Mas ai entra outra pergunta: Nós não somos também animais? Sim, portanto essa colocação é errada. Somos animais apenas arrumamos um jeito de dizer que somos racionais e submeter às outras espécies a nós. Porque um gato não deve nos achar superiores por natureza, nós impomos isso a ele! O que nos torna plenamente humanos são nossos erros, e nossas virtudes, porque cada um é importante do jeito que é!

Então tudo depende de quem olha! Porque nos torna plenamente humanos a capacidade de olhar e reconhecer que algo é admirável. E é admirável essa nossa capacidade de expressar em palavras, mesmo que em diferentes línguas, o que sentimos, falamos, pensamos, enfim somos!

Poliana e o Jogo do Contente

Cada livro, cada história, cada conto, escrito ou falado, marca e fica em minha memória. Porém tem aqueles que nunca mais vão deixá-la, ou porque se ajeitam exatamente no que estou vivendo, ou porque são extremamente cativantes. Nesse caso foi pela primeira razão que escolhi Poliana, de Eleanor H. Potter.
            O livro conta a história de uma menina órfã, que vai morar com a tia, que é uma mulher seca e sem emoções. Com a chegada da menina, a casa e a vida da senhora viram de ponta-cabeça... Poliana tenta fazer amigos em todos os lugares por onde passa, cativando a todos com o “jogo do contente”, no qual ela se compromete a ver sempre o lado positivo das coisas.
Seu melhor amigo é um garoto, também órfão, que vive nas ruas e para o qual ela acaba encontrando um lar na casa de outro amigo, um senhor que vive sozinho em sua enorme casa. O tempo vai passando e ela e a tia se entendendo, mas aí acontece o terrível acidente... Poliana é atropelada e perde o movimento das pernas, perdendo também a capacidade de jogar seu jogo!
Ela vai para um hospital e fica ali muito tempo... No fim do livro escreve uma carta para a tia, que vai se casar com o amor de sua vida, um médico, e diz que o “jogo do contente” voltou a sua existência e que nunca mais vai deixá-lo ir embora...
Quando li esse livro também estava de cama no hospital depois de uma cirurgia, e Poliana veio para me animar a ensinar a ver o lado positivo de toda notícia que recebia. O livro é muito sensível e mostra uma vida difícil na visão de uma criança. Poliana vem sempre animar o espírito de seus leitores, que ao fim do livro já se sentem seus amigos.
Esse livro é um clássico! E a maior lição que ele traz é que a vida é boa, só precisamos saber por qual ângulo olhar!


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Princesa sob os refletores

Lembra o que eu disse sobre ficar preocupada com o Diário da Princesa? Então... Estou um pouco melhor com esse livro :) Obrigada Meg Cabot! hahahaha
Nessa nova história, Mia tem uma nova paixão, dessa vez pelo irmão de sua melhor amiga (ooops) e uma descoberta um tanto inesperada vai abalar as estruturas da família real genoviana: um bebê está chegando! Só que o problema é que a mãe de nossa princesinha está a ponto de ser mãe solteira de novo! E o pai é o professor de álgebra de nossa Amélia. E a avó princesa-regente (uma pessoa extremamente severa e conservadora) resolveu transformar a união dos dois em um evento luxuosíssimo. Ihhhh! Não vai prestar!
E como se não bastasse nossa heroína arranja um admirador secreto, o que a deixa frustrada por não saber quem gosta dela.
Bom... para não me estender porque não tem muito o que dizer sobre um livro tão curtinho! Ideal para uma viagem! Que foi o que eu fiz, porque, na verdade, ganhei uma edição de bolso com os dois livros e usei uma viagem de mais ou menos seis horas para dar check nos dois. Rápido né?
Enfim... Só que tem um detalhe, não tem nada a ver com o segundo filme. Então... Não espere uma briga entre dois príncipes nesse livro!
E veja o filme ;)
(Acho que é uma das poucas vezes que vou dizer isso)

O Diário da Princesa

Toda a menina já teve rosa como cor preferida... Toda a menina sonha em encontrar o príncipe encantado, mesmo que saiba que isso não vai acontecer... Toda a menina tem uma melhor amiga para contar tudo (ou quase)... Toda a menina tem um amor platônico... Toda a menina já escreveu um diário... Toda a menina adoraria acordar um dia de manhã e descobrir que na verdade é uma princesa...
Bom, pelo menos eu acho.
Só que para Mia não é exatamente assim. As primeiras afirmações podem até ser verdadeiras, mas quando chega nas duas últimas, aí a situação se complica um pouco. Simplesmente porque, após passar 14 anos da própria vida acreditando ser apenas a filha de uma pintora irresponsável e adorável e de um cara que tinha algum cargo político em um país chamado Genóvia, ela descobre que esse cargo era de príncipe regente e, por conta de um câncer, seu pai não poderia mais ter filhos, o que a transformava na única sucessora ao trono. Tcharan!
De uma hora para a outra a vida da simples Mia Thermópolis se transformava em uma verdadeira confusão, na qual ela tenta conciliar a nova vida de princesa com os típicos problemas de uma adolescente. Como sentar, falar e agir como princesa são dificuldades acrescentadas às brigas com as amigas, primeiras paixões, descobertas sobre o amor, insegurança com o próprio corpo... E por aí vai! E tudo isso vai sendo registrado pela própria garota em um caderno que ela carrega consigo por toda a parte... (Quer dizer, seu motorista carrega as vezes, mas na maior parte do tempo é ela mesmo).
Não posso dizer que não fiquei um tanto quanto preocupada ao ler esse livro... Na verdade fiquei MUITO preocupada. Não sei se vocês que estão lendo viram o filme da Disney baseado nesse livro, mas o caso é que eu vi e simplesmente me senti ali retratada na tela. Todas minhas inseguranças e sonhos bem na minha frente sendo representados pela DIVA da Anne Hathaway. Lógico que o livro deveria ser divino! Por que não seria? E foi aí que eu me enganei... Querida Meg Cabot sinto muito em dizer que a Amélia é uma chata. E como ela este é o diário dela, temo que isso o torne chato. Uma adolescente daquelas que só sabem reclamar de tudo e nunca veem o lado positivo de nada! Que saco!
Logo, queridos leitores, fiquei muito preocupada que eu mesma fosse desse jeito. Cruzes, se eu for coitados dos meus pais! Mas prefiro pensar que sou uma pessoa positiva e de bem com a vida (uhu!) que não fica se lamentando pelos cantos, levanta e vai a luta...
Por isso, minhas amigas e amigos, se vocês viram o filme NÃO leiam esse livro. Vocês iriam se desencantar totalmente com a princesa de Genóvia. Agora, mães e pais, se suas filhas estiverem muito reclamonas indico que vocês deem esse livro de presentes a elas. Quem sabe isso não faz com que se toquem? Fica a dica ;)

Orgulho e Preconceito

Aparentemente meu 2014 começou com força total: muitas felicidades para pouco tempo, e uma delas foi ter começado o ano justamente com esse livro. Lembro vagamente de uma aula de inglês na qual comentamos sobre o filme baseado na obra de Jane Austen: nada muito profundo, mas mesmo assim fiquei extremamente curiosa acerca do conteúdo do livro. Agora vejo que meu único equívoco foi não te-lo lido antes.
Parte do acervo pessoal que adquiri em meu ultimo aniversário (pois é, ainda não li todos os livros) fiquei extasiada ao abrir o embrulho e encontrá-lo, pois, como já disse anteriormente, estou em busca de clássicos, e este com certeza se encaixa em tal categoria.
A história da família Bennet, em especial da segunda filha mais velha Elizabeth, exemplifica de forma perfeita o período controverso em que se encontrava a sociedade britânica na época. Enquanto a classe dominante ainda se valia de títulos para continuar no topo da pirâmide, cada vez mais a voz do dinheiro se fazia ouvir trazendo para a burguesia a possibilidade de contar com todos os luxos da nobreza, exceto o título. Tal benefício poderia ser adquirido, por homens, mediante nascimento, compra ou nomeação. Porém para as mulheres era um tanto mais complicado: a condecoração só poderia ser recebida mediante casamento, assim as meninas que não nasciam nobres eram educadas única e exclusivamente com o objetivo de ter um bom matrimônio. Assim, quando o senhor Bingley chega à Netherfield, próximo a Longbourn (local de origem de nossa heroína e sua família) a senhora Bennet fica em polvorosa com a possibilidade de casar uma de suas filhas, em especial a mais velha Jane, com alguém de alta renda e com excelente perspectiva de ascensão. Mas algo que nem ela poderia prever era que outro aristocrata chegaria à região. E assim o senhor Darcy entra na vida de Elizabeth Bennet, trazendo, à princípio, um ódio mortal por seu orgulho e preconceito para com ela e sua família, mas, como as primeiras impressões nem sempre são as que ficam, com uma sucessão de fatos a história vai se desenrolando trazendo a tona pensamentos que nem mesmo a racional Eliza saberia explicar.
Cada vez mais escuto a frase "mulheres são feministas quando lhes convém" e variações, mas sinto que esse feminismo vem perdendo pouco a pouco o significado. Tive o prazer de ser introduzida à senhorita Mary Wollstonecraft, autora de Reivindicação dos Direitos da Mulher, principal percursora do feminismo, que pregava mais liberdade e igualdade para as mulheres, tratadas, no período, como objetos de uma masculinidade predatória que as reduzias apenas a papéis de esposa, mãe e objeto de prazer sexual, durante a introdução dessa edição de Orgulho e Preconceito. Também fui apresentada, no mesmo contexto, à senhorita Hannah More, defensora do tradicionalismo no qual as mulheres deviam guardar-se para o sentimentalismo e trabalhos mais delicados. E principalmente, fui devidamente apresentada à Jane Austen: escritora que de forma genial mesclou essas duas formas de pensamento em duas irmãs. À meu ver Jane é a personificação dos ideias de More, enquanto Elizabeth personifica as ideias de Wollstonecraft, e o mais impressionante nessa interpretação é que as duas irmãs se dão super bem. Dessa forma concluo que o feminismo à que nossa sociedade se refere precisa ser revisto, pois para mim uma mulher pode sim exercer sua igualdade sem abrir mão da delicadeza de seus sentimentos, e não é apenas porque achamos que um cavalheiro deve pagar o primeiro encontro que deixamos de ser feministas, isso é simplesmente educação.
Logo esse livro é recomendável (acho que pela primeira vez vou dizer isso) aos homens, para que entendam como essa história de feminismo funciona. E, claro para as mulheres, para que se divirtam com um romance que ao mesmo tempo as faça pensar sobre o verdadeiro papel que elas exercem na sociedade: antigamente e hoje em dia.