Graciliano Ramos coloca o homem dentro do problema que ele mesmo criou com a visão de um semelhante. Não entendeu? Eu explico... Meu querido autor Graciliano mostra o dia a dia de uma família de retirantes que tenta se salvar da secura do sertão chegando ao litoral....
No caminho, eles encontram uma fazenda abandonada que parece ser a resposta para os problemas que eles vinham enfrentando. Nela Fabiano, Sinhá Vitória, os dois meninos e a cachorra Baleia se alojam para passar o inverno. É nessa fazenda que acontece grande parte da história, e dos questionamentos por ela propostos. E são perguntas que muitas vezes nem mesmo os sábios mais sábios conseguem responder. Acho que a maior é: eu sou bicho?
O que é bicho afinal? Se for animal sim, você é! Todos os seres humanos são, só arrumamos um jeito de fazer com que os outros animais nos obedecessem e colocamos nomes neles para que fossem subjugados. Mas na essência, lá no fundo, não somos tão diferentes dos bichos que priorizam sua própria existência.
Com tanta filosia o livro se torna um tanto quanto massante... Na verdade o cansaço na leitura dele vem da falta de costume com a sua linguagem. Então se o começo você quer se matar para ler até o final, no fim ele já parece um gibi que se lê sem pressa.
Esse livro voltou para a lista dos pedidos para o vestibular, e chegou nas minhas mãos pela escola. Junto com ele, minha querida professora de português mostrou essa música... Creio que ela representa muito bem o que o autor quis dizer, e creio também, que você não vai deixar de ler né? :)
"A boiada seca
Na enxurrada seca
A trovoada seca
Na enxada seca
Segue o seco sem secarque o caminho é seco
sem sacar que o espinho é seco
sem sacar que seco é o Ser Sol
Sem sacar que algum espinho seco secará
E a água que sacar será um tiro seco
E secará o seu destino seca
Ô chuva vem me dizer
Se posso ir lá em cima prá derramar você
Ó chuva preste atenção
Se o povo lá de cima vive na solidão
Se acabar não acostumando
Se acabar parado calado
Se acabar baixinho chorando
Se acabar meio abandonado
Pode ser lágrimas de São Pedro
Ou talvez um grande amor chorando
Pode ser o desabotado do céu
Pode ser coco derramado"